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Dermatite necrolítica superficial em Cão- Relato de Caso

Por Caio Fernando Monteiro Gimenez     

    A dermatite necrolítica superficial é uma desordem cutânea incomum em cães e rara em gatos e está frequentemente associada à doença hepática, por isso recebe a sinonímia de síndrome hepatocutânea, além de necrose epidérmica metabólica, eritema necrolítico migratório e dermatopatia diabética.

Em cães ocorre predominantemente em animais idosos está frequentemente associada a hepatopatias e/ou tumor pancreático produtor de glucagon. Ainda não se sabe como a lesão ocorre, entretanto, acredita-se que ela está relacionada com hiperglucagonemia, hipoaminoacidemia, hipoalbunemia, deficiência de zinco e ácidos graxos.

Clinicamente os cães exibem úlceras e erosões com exsudato e crostas aderidas, principalmente em coxins, levando a hiperqueratose digital e junções muco-cutâneas, como lábios (figura 1), olhos e ânus, bem como podem acometer a face, regiões de apoio ou trauma, membros, patas, tronco, bolsa escrotal e prepúcio. As lesões são alopécicas, eritematosas, crostosas, por vezes necróticas, ulceradas ou vesiculares. Além das lesões cutâneas, com frequência os animais exibem alterações sistêmicas como baixo escore corporal, perda de peso e sinais de insuficiência hepática.

Figura 1 – Dermatite necrolítica superficial. Lesões hiperqueratóticas, alopécicas e crostosas. Fonte: GROSS et al., (2005).

O fragmento cutâneo encaminhado foi de porção medial de membro, medindo 0,6 x 0,5 x 0,5 cm, de superfície lobulosa, coloração acinzentada e enegrecida, consistência macia e aspecto heterogêneo. Ao corte exibia superfície lisa, coloração acinzentada, consistência macia e aspecto homogêneo.

Histopatologicamente a epiderme se torna dividida em três cores: vermelho, branco e azul, respectivamente, fazendo referência às cores da bandeira da França. A camada mais superficial é caracterizada por paraqueratose com crostas contendo debris de neutrófilos. A camada média caracteriza-se por palidez, devido ao expressivo edema inter e intracelular. A última camada, a camada basal exibe hiperplasia dos queratinócitos basais e suprabasais, compondo uma camada basofílica. É possível observar separação ou necrólise das camadas da epiderme, devido a isso, a lesão é denominada dermatite necrolítica superficial (figura 2).

Figura 2 – Dermatite necrolítica superficial, caracterizada pela paraqueratose com crostas e debris celulares, edema inter e intracelular da camada intermediária e hiperplasia da camada basal, o que compõe o aspecto de bandeira da França (vermelho, branco e azul, respectivamente).

 

Referências

BETTENAY, S. V.; HARGIS, A. M. Histopathologic responses of the skin to injury. In: ____ Pratical veterinary dermatopathology. Teton NewMedia: Jackson, p.53-76, 2003.

CONCEIÇÃO, L. G.; SANTOS, R. L. Sistema tegumentar. In: SANTOS, R. L.; ALESSI, A. C. Patologia veterinária. São Paulo: Roca, p.423-524, 2010.

THELMA, L. G.; IHRKE, P. J.; WALDER, E. J.; AFFOLTER, V. K. Necrotizing diseases of the epidermis In: ____ Skin diseases of the dog and cat. 2.ed. p.75-115. Blackwell publishing: Iowa, 2005.