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A insuficiência respiratória como causa de óbito em cães e gatos

Por Caio Fernando Gimenez 

   A insuficiência respiratória como causa mortis gera confusão entre os veterinários e proprietários dos animais, pois pode não estar diretamente ligada ao motivo do atendimento clínico do animal. Um paciente com diarreia, por exemplo, perde proteínas pela evacuação, já que há pouca ou nenhuma absorção intestinal; a perda de proteínas, como a albumina, leva a diminuição da pressão oncótica, pode ocasionar o edema pulmonar e ser a causa da morte do animal.

Essa postagem tem como objetivo elencar as principais causas, bem como os motivos que levam ao edema pulmonar.

O edema pulmonar está entre as principais causas de insuficiência respiratória, com consequente óbito em cães e gatos. É uma complicação frequente de inúmeras condições e doenças e, quando severo, pode apresentar efeitos catastróficos ao funcionamento dos pulmões, pois bloqueia a ventilação alveolar e obstrui as trocas gasosas, culminante óbito.

O edema pulmonar ocorre devido as mesmas causas do edema generalizado: pelo aumento da pressão hidrostática, aumento da permeabilidade vascular e/ou diminuição da pressão oncótica ou obstrução da drenagem linfática. Alguns autores ainda citam como causa de edema pulmonar: obstrução das vias aéreas superiores, lesão neurogênica e hipoglicemia (quadro 1).

À necropsia os pulmões exibem aspecto edemaciado, pesados, superfície de aspecto brilhante e os lobos pulmonares não colabam após a abertura da cavidade torácica. À abertura da traqueia observa-se quantidade variável de conteúdo espumoso e esbranquiçado, podendo ser avermelhado, por toda extensão da traqueia, somente em região de carina ou em brônquios principais, dependendo da gravidade (figura 1).

Figura 1 – Conteúdo espumoso esbranquiçado no lúmen da traqueia, terço final, região de carina, caracterizando macroscopicamente o edema pulmonar.

Histologicamente, o edema pulmonar caracteriza-se por conteúdo eosinofílico e homogêneo, preenchendo os alvéolos pulmonares (figura 2) e de acordo com a quantidade de fluido, classifica-se em discreto, moderado ou severo e pode, ainda, ser focal, multifocal ou difuso. Esse conteúdo pode ser encontrado também no interstício, ao redor de vasos linfáticos e vias aéreas e nos septos interlobulares. Nos casos de edema pulmonar crônico, observa-se um aumento no número de macrófagos alveolares.

Figura 2 – Espaços alveolares multifocais preenchidos por severo material eosinofílico amorfo, caracterizando o edema pulmonar.

Vale lembrar que em alguns casos, devido ao fato do edema ser agudo, pode não haver tempo para o diagnóstico clínico ou imaginológico da insuficiência respiratória. Para um melhor entendimento da necropsia, é preciso correlacionar os sinais clínicos à descrição macro e microscópicas.

 

Referências

CASWELL, J. L.; WILLIAMS, K. J. Respiratory system. In: MAXIE, M, G. Jubb, Kennedy and Palmer’s Pathology of domestic animals. St. Louis: Elsevier 6. ed. 2016, p.465-590.

MOSIER, D. A. Vascular disorders and thrombosis. In: ZACHARY, J. F. Pathologic basis of veterinary disease. 6. ed. St. Loius: Elsevier, 2017. p.44-72.

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