Por Caio Fernando Monteiro Gimenez
A resposta é não. Diversos processos podem culminar em um aumento de volume, como processos inflamatórios e infecciosos, displasias, hiperplasias e neoplasias, mas para que possamos entender melhor o porquê é necessário relembrarmos alguns conceitos.
A palavra tumor foi primeiramente utilizada para designar o aumento de volume decorrente da inflamação e atualmente é usada como sinônimo de neoplasia.
Já a palavra neoplasia, que significa “novo crescimento”, foi melhor descrita em 1967, pelo oncologista britânico Willis, como “uma massa anormal de tecido, cujo crescimento excede e não é coordenado com o do tecido normal e que persiste depois de cessado o estímulo que o provocou”.
De acordo com seu comportamento biológico, as neoplasias podem ser classificadas como benignas ou malignas. As neoplasias malignas são também denominadas como câncer.
Todo câncer é um tumor, mas nem todo tumor é câncer.
Nos processo inflamatórios o aumento de volume se dá pelo edema existente, bem como devido à presença de células inflamatórias como neutrófilos, linfócitos, plasmócitos, macrófagos, mastócitos e eosinófilos. Já nos processos infecciosos, além das causas citadas acima, ainda há a presença de agentes etiológicos, como bactérias, fungos e protozoários.
O aumento de volume nas neoplasias é caracterizado basicamente pelo aumento de células no tecido afetado, ou seja, pela intensa quantidade de células, que apresentam alto índice mitótico e estão em constante proliferação.
Em tese as neoplasias benignas não invadem os tecidos adjacentes, entretanto, podem comprimir as estruturas ao redor devido ao seu crescimento, o que pode causar danos, não há crescimento de novos vasos sanguíneos e nem causam metástases e seu crescimento é mais lento. Já as neoplasias malignas invadem tecidos adjacentes, bem como estimulação a formação de novos vasos sanguíneos, podem causas metástase e crescem rapidamente (tabela 1).
Tabela 1 – Principais diferenças entre as neoplasias benignas e malignas.
NEOPLASIA BENIGNA | NEOPLASIA MALIGNA |
Não invade tecidos adjacentes | Invade tecidos adjacentes |
Não promove metástase | Promove metástases |
Não promove neovascularização | Promove neovascularização |
Crescimento lento | Crescimento rápido |
O exame citopatológico pode ser utilizado como triagem para melhor elucidação do aumento de volume, diferenciando processos inflamatórios de neoplasia, a origem da neoplasia (epitelial, mesenquimal ou de célula redondas) e se a neoplasia é benigna ou maligna. Em casos inflamatórios, deve-se tratar a inflamação e repetir o exame citológico após o término do tratamento, caso o aumento de volume ainda persista.
O exame histopatológico deve ser realizado em continuidade ao exame citológico com o intuito de elucidar melhor o processo, classificá-lo e graduá-lo sempre que a graduação se aplique.
Para determinar a origem do aumento de volume, pode-se realizar a biópsia transcirúrgica por congelação, que consiste na análise do fragmento durante a cirurgia com resultado imediato, o que auxilia na instauração precoce do protocolo de tratamento. Caso o aumento de volume seja um câncer, as margens cirúrgicas podem ser avaliadas quanto a presença ou não, de células neoplásicas.
O tratamento para cada neoplasia deve ser realizado de acordo com o resultado cito e histopatológico, junto à apresentação clínica do paciente e exames complementares.
Referências
WILLIS, R. A. The spread of tumors in the human body. London: Butterworth, 1952. 140p.
WERNER, P. R. Neoplasia. In: ___ Patologia geral veterinária aplicada. São Paulo: Roca, 2011. p. 189-231.